Qual é o partido que você toma?
Conhaque, uísque ou a boa e velha cervejinha do dia a dia? De que lado você
samba ou em qual trincheira o avestruz vai enfiar a cabeça? Talvez o avestruz
tenha sambado de tanta cerveja que bebeu misturada com o uísque e o conhaque e
não acabou assumindo partido nenhum, simplesmente deu no pé, porque tava de
saco cheio de tudo isso e já não via mais sentido nenhum em toda essa apologia.
Será mesmo que podemos culpar o nosso amigo avestruz ou a culpa é do partido e
da cerveja? E se a culpa estiver dos dois lados? Aí acho que o buraco fica mais
em baixo.
Desde que Lênin e seus companheiros
estavam decididos em fazer a revolução, suas intenções eram gloriosas e as suas
preocupações as mais belas possíveis. De fato eram, não pensem vocês aqui que
estou ironizando. Mas não teriam eles matado a criança no parto? Pois o maldito
e velho dedo indicador ainda estava erguido e metralhando para todos os lados,
não teria até mesmo Marx usado desse infame dedão contra os velhos companheiros
sabota... anarquistas? Qual a diferença entre o arpão que se encontra na mão de
um comunista para a de um nazista a não ser a metralhadora que se esconde por
de trás da do último, penso que no caso de Stalin essa diferença nem fosse tão
clara assim.
Mas será mesmo que esses arpões estão
engatilhados apenas nas mãos dos grandes líderes? Ou quando você diz “tira a
roupa” ou “vem por cima”, não seria um mini indicador embutido no seu
inconsciente? Não é fácil responder, não é fácil saber até onde realmente podemos
eliminar as mais poéticas ditaduras que existem nas relações humanas e isso
acaba colocando em cheque todo um sonho de transformação do nosso querido globo
azul.
Com tudo isso então, os indiferentes e
sacanas soltam seus rojões. “Viva! A desigualdade sempre existiu e sempre vai
existir.” Esses filhos da puta adoram chamar de preguiçosos, quem no fim das
contas enche a podre e fedorenta barriga deles. Diferentemente dos
“companheiros dos dedões” esses merecem o mais belo soco nos bagos e um belo
cuspe na cara. É uma lástima que as penas de passarinho, as pontas da estrela e
até mesmo os raios de sol ofusquem bastante a nossa visão, deixando difícil de
enxergar quem é quem. É por isso que hoje em dia meu irmãozinho você precisa
ter o nariz do mais sábio perfumista pra saber diferenciar até onde vai o
cheiro da merda e até onde vai o cheiro da flor. Enquanto isso, a grande
máquina está enchendo os bolsos dos pseudo-revolucionários e do outro lado o
coliseu dos egos está com tantos espetáculos que quem decide largar a espada
logo cai na chacota dos gladiadores.
Mas nesse mundo ainda caminham Sidartas,
juro pra vocês que apesar de poucos, avistei alguns desses na minha vida. E não pensem que eles não podem estar na maldita
engenhoca ou no coliseu. Na primeira, caminham com cautela, esperando o momento
de mandar tudo isso pro quinto dos infernos, no segundo evitam cortar cabeças e
quando o fazem derramam sinceras lágrimas no interior de suas consciências. Há
aqueles que não estão em nenhum dos dois e sim na estrada dos desencontros e
esses são os que eu realmente acredito, afinal de contas, Sidarta e Stalin
começam com a mesma letra e para se apagar o nome de um e começar a escrever o
de outro basta a sedutora borracha da corrupção. Já os raros vagabundos
iluminados plantam suas sementes sem com isso carregarem nas costas o grande e
pesado fardo da cruz da revolução, anseiam por ela naquilo que buscam germinar,
mas também sabem que para o botão de rosa desabrochar é necessário que
gladiadores e maquinistas larguem suas espadas e esvaziem os bolsos na sincera
vontade de ouvir verdadeiramente o rio.
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