segunda-feira, 10 de março de 2014

Partido

Qual é o partido que você toma? Conhaque, uísque ou a boa e velha cervejinha do dia a dia? De que lado você samba ou em qual trincheira o avestruz vai enfiar a cabeça? Talvez o avestruz tenha sambado de tanta cerveja que bebeu misturada com o uísque e o conhaque e não acabou assumindo partido nenhum, simplesmente deu no pé, porque tava de saco cheio de tudo isso e já não via mais sentido nenhum em toda essa apologia. Será mesmo que podemos culpar o nosso amigo avestruz ou a culpa é do partido e da cerveja? E se a culpa estiver dos dois lados? Aí acho que o buraco fica mais em baixo.
Desde que Lênin e seus companheiros estavam decididos em fazer a revolução, suas intenções eram gloriosas e as suas preocupações as mais belas possíveis. De fato eram, não pensem vocês aqui que estou ironizando. Mas não teriam eles matado a criança no parto? Pois o maldito e velho dedo indicador ainda estava erguido e metralhando para todos os lados, não teria até mesmo Marx usado desse infame dedão contra os velhos companheiros sabota... anarquistas? Qual a diferença entre o arpão que se encontra na mão de um comunista para a de um nazista a não ser a metralhadora que se esconde por de trás da do último, penso que no caso de Stalin essa diferença nem fosse tão clara assim.
Mas será mesmo que esses arpões estão engatilhados apenas nas mãos dos grandes líderes? Ou quando você diz “tira a roupa” ou “vem por cima”, não seria um mini indicador embutido no seu inconsciente? Não é fácil responder, não é fácil saber até onde realmente podemos eliminar as mais poéticas ditaduras que existem nas relações humanas e isso acaba colocando em cheque todo um sonho de transformação do nosso querido globo azul.
Com tudo isso então, os indiferentes e sacanas soltam seus rojões. “Viva! A desigualdade sempre existiu e sempre vai existir.” Esses filhos da puta adoram chamar de preguiçosos, quem no fim das contas enche a podre e fedorenta barriga deles. Diferentemente dos “companheiros dos dedões” esses merecem o mais belo soco nos bagos e um belo cuspe na cara. É uma lástima que as penas de passarinho, as pontas da estrela e até mesmo os raios de sol ofusquem bastante a nossa visão, deixando difícil de enxergar quem é quem. É por isso que hoje em dia meu irmãozinho você precisa ter o nariz do mais sábio perfumista pra saber diferenciar até onde vai o cheiro da merda e até onde vai o cheiro da flor. Enquanto isso, a grande máquina está enchendo os bolsos dos pseudo-revolucionários e do outro lado o coliseu dos egos está com tantos espetáculos que quem decide largar a espada logo cai na chacota dos gladiadores.
Mas nesse mundo ainda caminham Sidartas, juro pra vocês que apesar de poucos, avistei alguns desses na minha vida.  E não pensem que eles não podem estar na maldita engenhoca ou no coliseu. Na primeira, caminham com cautela, esperando o momento de mandar tudo isso pro quinto dos infernos, no segundo evitam cortar cabeças e quando o fazem derramam sinceras lágrimas no interior de suas consciências. Há aqueles que não estão em nenhum dos dois e sim na estrada dos desencontros e esses são os que eu realmente acredito, afinal de contas, Sidarta e Stalin começam com a mesma letra e para se apagar o nome de um e começar a escrever o de outro basta a sedutora borracha da corrupção. Já os raros vagabundos iluminados plantam suas sementes sem com isso carregarem nas costas o grande e pesado fardo da cruz da revolução, anseiam por ela naquilo que buscam germinar, mas também sabem que para o botão de rosa desabrochar é necessário que gladiadores e maquinistas larguem suas espadas e esvaziem os bolsos na sincera vontade de ouvir verdadeiramente o rio.



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